09/12/2016
O presidente do SIEMACO-SP (Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio em Conservação e Limpeza Urbana e Áreas Verdes) e secretário de Finanças da União Geral dos Trabalhadores, (UGT) Moacyr Pereira, mostrou sua preocupação com as causas ambientais na 4ª Conferência da UNI-Américas, em Medellín, na Colômbia. Representando a central, ele fez um discurso sobre a influência das mudanças climáticas na criação e manutenção de postos de trabalho, que segue abaixo:
Nossa estrutura e prática Sindical é a de defender o trabalhador, o que não é pouco trabalho diante de tantas ameaças que acontecem a todo os dias. Mas como fazer para defender o trabalho? Se o Sindicato não cria emprego, como defender o futuro dos trabalhadores e trabalhadoras e de sua família? Como o movimento Sindical pode ter um papel maior na sociedade em geral?
Temos vários caminhos, mas uma coisa tem mobilizado a sociedade mundial e que pode nos prejudicar a todos e reduzir as possibilidades de trabalho: As mudanças climáticas.
Para muitos pode parecer estranho num ambiente onde a expectativa de discutir rumos e organização do movimento Sindical, estamos falando de Clima e suas mudanças. Porém uma das tarefas desta conferencia é o de planejarmos 2016-2020. Ou seja, falar de futuro. Não podemos falar de futuro sem avaliar o passado recente onde vários perderam a vida e muitos a possibilidade de trabalhar exatamente por questões climáticas.
Segundo estudos, as mudanças climáticas têm impacto:
- Na quantidade de água potável;
- Segurança alimentar;
- Controle de doenças infecciosas;
- Proteção contra desastres ambientais;
- Imigração por questões ambientais.
Hoje enfrentamos alguns desertos onde falta água para beber. A alteração da temperatura atmosférica poderá provocar chuvas mais intensas em determinadas regiões e secas mais prolongadas em áreas já castigadas pela escassez hídrica.
A ocorrência de chuvas mais intensas tem como consequência a elevação do nível dos rios, provocando enchentes. Afeta a produção de alimentos e o saneamento básico, facilitando a propagação de doenças.
É preciso criar proteção contra desastres ambientais.
Os desastres ambientais naturais bem como aqueles provocados pelo homem, levam a novos desastres. Tivemos no Haiti um desastre natural que levou a uma falência do país, impedindo sua produção, incluindo a agrícola; e um provocado pelo homem, no brasil, na cidade de Mariana, em Minas Gerais, que acabou com uma cidade e como consequência com um rio importante para a economia local e praticamente acabou com a possibilidade de trabalho que girava entorno da empresa que deu causa ao desastre. Piora a situação que depois de 1 ano do desastre, até hoje os trabalhadores e suas famílias não foram indenizados pela empresa.
Também afetando o trabalho e as relações sindicais, temos a imigração por questões ambientais.
Países africanos e mais próximo de nós o Haiti tem forte imigração por questões ambientais que afeta o nível de emprego dos países que os recebem, muitos não preparados para tal.
Mas o que nós trabalhadores, Sindicatos organizados temos a ver com isto?
Tem a ver com o futuro dos trabalhadores, nosso futuro!
Somos organizados e a sociedade espera muito de nossa ação.
•A mudança e variabilidade climáticas podem afetar a oferta de trabalho na medida em que as atividades econômicas e o emprego dependem do não esgotamento dos recursos naturais, do equilíbrio dos ecossistemas e dos serviços ecológicos.
•As mudanças climáticas impactam a saúde do trabalhador no ambiente de trabalho e na sua vida diária.
A agenda pela luta por trabalho decente é inseparável de nossa ação para:
- reduzir a emissão de gases de efeito estufa dentro do consumo;
- reduzir a geração de resíduos;
- Fazer o reuso ou reciclagem de resíduos.
O mundo do trabalho muda a cada dia e outros fatores, como mudanças climáticas, mudam o modo de trabalhar como também no que trabalhar, os empregos são outros.
Este novo mundo do trabalho levará ao trabalho decente e a uma valorização do trabalhador. Levará a um novo tipo de trabalhador.
As restrições a produção em função da proteção ambiental, pode ser mais uma oportunidade do que uma ameaça. Daí a necessidade de conhecermos o processo.
Para evitarmos a continuidade desta situação, é fundamental para os Sindicatos uma maior participação naquilo que podemos definir como 4 pilares de atuação:
Incentivar o dialogo social através de comissões e conselhos tripartites (Trabalhadores, Governo e Empresários);
Políticas publicas de proteção social como atendimento gratuito a saúde;
Garantia de trabalho e qualificação profissional; e
Criação na UniAmerica de um observatório do trabalho que inclua todas as questões que afetam o trabalho e o trabalhador.
Se nos prepararmos para estas questões que hoje preocupam o mundo inteiro, podemos identificar que as mudanças climáticas proporcionam oportunidades para o mundo do trabalho na medida em que a transição para uma economia de baixo carbono promove a criação de empregos verdes e incentivam o desenvolvimento de capacidades e habilidades dos trabalhadores para se adequarem às novas demandas de emprego. Para tanto é preciso preparar nossos Sindicatos filiados a lidarem com estas questões.
Na COP 21, em dezembro de 2015, em Paris, França, a Uni lançou a campanha “ Clima seguro é um direito humano” que temos que aprofundar esta discussão principalmente na América do Sul onde as ameaças são maiores, influenciando no nível e qualidade do emprego.
O importante é a criação de um trabalho em rede, com os filiados, com a Uni Américas contando com uma estrutura técnica de apoio que possa divulgar e aglomerar os dados referentes a atuação local e setorial, permitindo assim que a Uni planeje suas atividades.
Este é o objetivo de nosso trabalho. Acredito que este seja o Sindicalismo do futuro.
UGT - União Geral dos Trabalhadores