20/06/2016
A operação Lava Jato tem três novos delatores, todos sócios numa empresa de consultoria.
Um deles, Vinícius Borin, já prestou depoimento e falou sobre contas fora do Brasil, abertas por ele, e que seriam usadas pelo grupo Odebrecht para pagamento de propina.
Vinícius Veiga Borin é sócio de uma consultoria e foi representante de dois bancos com sede no Caribe. No primeiro depoimento da delação, ele disse que movimentava dinheiro no exterior, a pedido de operadores ligados ao grupo Odebrecht.
Vinicius Borin afirmou aos procuradores que um operador ligado a Odebrecht pediu que ele abrisse contas para fazer a movimentação financeiras das obras da empresa no exterior. Com a operação Lava Jato em curso, Vinícius conta que percebeu que as transações não eram feitas com fornecedores. Disse que não pode afirmar que 100% dos pagamentos eram ilícitos, mas que grande parte, sim.
Falou também que percebeu isso ao verificar que o dinheiro que caía nas contas abertas por ele não vinham de fornecedores, mas de outras empresas no exterior, controladas pela própria Odebrecht.
O Ministério Público já havia identificado oito contas, em oito países, que, segundo as investigações, são da Odebrecht e foram usadas para pagar propina. Por elas passou, entre 2006 e 2014, mais de R$ 1 bilhão.
Entre os destinatários identificados estão ex-funcionários da Petrobras, o ex-marqueteiro do PT, João Santana e a esposa dele, Monica Moura.
Executivos da Odebrecht sempre negaram ter conhecimento das contas.
O delator declarou que a preocupação com os documentos das contas era tanta, que executivos da Odebrecht chegaram a pensar em comprar um dos bancos, fechá-lo e sumir com a documentação.
Vinícius Borin foi um dos alvos da Lava Jato na fase que investiga o chamado setor de operações estruturadas da Odebrecht. Segundo o Ministério Público, esse departamento era usado somente para pagar propina. Na delação, Vinícius contou que, para não despertar suspeitas, os integrantes do esquema usavam apelidos e códigos para organizar e distribuir os repasses. Também utilizavam um sistema de computador criado somente para isso. O delator disse que era obrigatória a utilização desse sistema para a comunicação entre os operadores e executivos da Odebrecht. Cada operador tinha um apelido e o dele era, inicialmente, "Feeling". Depois, por conta da Lava Jato, mudou para "Mustang".
Vinícius Borin disse, ainda na delação, que nunca teve contato com o ex-presidente do grupo, Marcelo Odebrecht. Mas que acredita que ele sabia dos pagamentos ilegais, por causa do volume de dinheiro que circulava e da estrutura criada dentro da empresa.
Marcelo Odebrecht está preso há 1 ano. O Ministério Público diz que era ele quem comandava o setor da Odebrecht de pagamento de propina. Ele já foi condenado a 19 anos de prisão e responde a mais duas ações. Ele tenta um acordo de delação premiada, junto com executivos da Odebrecht. As negociações são sigilosas.
O advogado de João Santana disse que o publicitário vai esclarecer estas questões durante o processo.
A defesa de Paulo Roberto Costa disse que ele já se manifestou em delação e não tem nada a acrescentar.
Os advogados de Marcelo Odebrecht, do Grupo Odebrecht, de Mônica Moura e de Pedro Barusco, não se manifestaram.
A equipe de reportagem não conseguiu contato com o advogado de Renato Duque.
Fonte: G1
UGT - União Geral dos Trabalhadores