09/06/2016
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou maio com alta de 0,78%, ante uma variação de 0,61% em abril, informou nesta quarta-feira, 8, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa taxa foi a mais elevada para os meses de maio desde 2008 (0,79%).
O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que iam de uma taxa de 0,69% a 0,83%, com mediana e média de 0,76%.
A taxa acumulada no ano foi de 4,05% e, nos 12 meses encerrados em maio, o IPCA acumula 9,32%, ainda muito acima do teto da meta estipulada pelo governo, de 6,5%. O IPCA acumulado em 12 meses, quando comparado ao período imediatamente anterior, não apresentava elevação desde janeiro passado. No primeiro mês do ano, o indicador alcançou 10,71%, ante 10,67% de dezembro do ano passado. Desde então, o IPCA acumulado apresentava tendência de queda: 10,36% em fevereiro, 9,39% em março e 9,28% em abril.
Habitação. Os preços administrados de água e esgoto e energia elétrica fizeram do grupo Habitação o principal responsável para a alta de 0,78% no IPCA de maio. O grupo avançou 1,79% em maio e teve impacto positivo de 0,27 ponto porcentual (p.p.) no índice geral, o maior entre os grupos de despesa.
A taxa de água e esgoto avançou 10,37% e, sozinha, contribuiu com 0,15 p.p. no índice de maio. Segundo o IBGE, isso ocorreu por causa da região metropolitana de São Paulo, já que acabou, no mês passado, o programa de incentivo da Sabesp à redução do consumo de água, o qual dava desconto para quem economizasse água.
Só em São Paulo, a taxa de água e esgoto subiu 41,90% em maio. Com isso, o IPCA na região metropolitana da capital foi de 0,93%, o maior patamar para meses de maio desde 1996, quando foi de 1,18%. Segundo o IBGE, no acumulado de janeiro de 2014 a abril de 2016, a tarifa de água e esgoto em São Paulo registrou queda de 9,56%. Somente em maio de 2014, primeiro mês em que IPCA apropriou bônus da Sabesp, a tarifa de água e esgoto havia caído 21,98%.
Ainda assim, a alta de maio passado se explica também porque houve reajuste de 8,40% na conta da Sabesp, a partir de 12 de maio. Por isso, segundo a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, ainda haverá impacto positivo dessa despesa no IPCA de junho.
Já a energia elétrica subiu 2,28% em maio, pois houve reajustes contratuais anuais nas distribuidoras de Salvador, Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. "Os administrados foram estrelas da inflação em maio", afirmou Eulina.
Alimentos. O grupo Alimentação e Bebidas teve o segundo maior impacto no IPCA de maio, com 0,20 p.p., provocado pela alta de 0,78% do grupo no mês. Segundo a coordenadora do IBGE, os preços dos alimentos continuaram subindo em maio, mas "deram uma travada" em relação aos meses anteriores. "A alimentação vem pressionando o IPCA nos últimos anos", disse Eulina, citando fatores climáticos e a alta demanda dos países emergentes, que jogam para cima as cotações das commodities agrícolas, para explicar o fenômeno.
Em maio, batata, cebola e feijão foram os violões dos consumidores. Segundo Eulina, mais recentemente, geadas prejudicaram a produção de batata e feijão. A batata-inglesa subiu 19,12% em maio e acumula alta de 74,47% em 12 meses. O feijão-mulatinho avançou 9,85% em maio, acumulando 48,79% em 12 meses. Já a alta da cebola é mais recente: os preços subiram 10,09% em maio, mas haviam caído 2,36% em abril. Em 12 meses, acumulam alta de 5,19%.
Remédios e serviços. No conjunto dos preços administrados, os medicamentos seguiram pressionando o IPCA em maio. Os produtos farmacêuticos avançaram 3,10%, após subirem 6,26% em abril. No ano, já acumulam 10,52% de alta, a maior pelo menos desde 2007. Segundo coordenadora do IBGE, a alta segue o reajuste máximo de 12,50% autorizado pelo governo este ano, por causa da elevação da cotação do dólar, principalmente.
A inflação de serviços desacelerou no IPCA de maio, para 0,37%, ante 0,61% em abril. No acumulado em 12 meses até maio, a inflação de serviços ficou em 7,52%, acima dos 7,34% nos 12 meses até abril.
Segundo Eulina, já há efeito da queda da demanda nessa desaceleração. Em julho de 2015, a inflação de serviços no acumulado em 12 meses estava em 8,54%. Ainda assim, os preços de "serviços são estanques", pois as pessoas continuam gastando, mesmo na recessão. Além disso, a inflação de serviços no IPCA é fortemente marcada pelas passagens aéreas, que variam muito. Em maio, registraram queda de 8,22%.
Baixa renda. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,98% em maio, após ter registrado alta de 0,64% em abril. Como resultado, o índice acumulou alta de 4,60% no ano e avanço de 9,82% em 12 meses. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos e chefiadas por assalariados.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores