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Quando a crise econômica vira oportunidade


02/05/2016

Com a mudança de comportamento no consumo de grande parcela da população brasileira, que sente no bolso os efeitos da crise econômica enfrentada pelo País, alguns segmentos da economia mais sensíveis a esses momentos estão nadando na contramão e fisgando clientes que buscam “renovar” o que já possuem, em detrimento de novas e maiores despesas.

 

Trocar um veículo, por exemplo, não está sendo bom negócio para muita gente diante dessa incerteza na economia e, nesse caso, a opção viável é dar uma sobrevida ao motor do veículo com uma retífica.

 

O mesmo tem ocorrido com os aparelhos eletrônicos. Com uma breve pesquisa em lojas de Campinas especializadas no conserto de equipamentos, como televisores, home theaters e aparelhos de som, é possível constatar que a procura vem aumentando desde o início desse ano. “As pessoas estão pensando antes de comprar um produto com essa crise. Como no caso dos eletrônicos o valor do dólar joga o preço lá em cima, muitos estão optando em consertar no lugar de comprar um novo”, avaliou José Rodrigues Ramalho, proprietário de uma loja no Jardim Chapadão, especializada em conserto de eletrônicos e há 30 anos no ramo. Nos últimos seis meses ele registrou um aumento entre 10% e 15% na procura por consertos, principalmente de televisores.

 

Já na retífica de motores de Geraldo Francatti, em Campinas, o momento é bom, e na última quinta-feira os 16 funcionários trabalhavam em pelo menos 30 motores. Os meses de dezembro de 2015 e janeiro deste ano ele avaliou como “muito bons”, e mantém desde então uma média de melhoramento de uns 300 motores por mês. O que atrai o cliente, segundo ele, é a diferença de preço.

 

“O cliente chega na loja para trocar um carro por um modelo mais novo, e às vezes ele vai precisar gastar o valor de dois carros. Com esse atual cenário econômico, ele prefere arrumar o carro para gastar um terço do valor daquele que ele pensou em adquirir. E ainda tem a possibilidade em dividir sem juros. Ou seja, ele acaba pesando isso na balança”, observou.

 

Apesar de atuar em um setor impactado com a entrada de carros mais modernos no mercado, Francatti comemora poder atravessar com estabilidade uma fase econômica difícil para o País — mesmo assim, torce por rumos melhores. “Nós chegamos a fazer mil motores por mês. Isso em uma época boa. Ou seja, estamos trabalhando hoje com um terço da força real. Mas ainda está bom, e estamos trabalhando mais estabilizados. Acredito que vamos manter esse ritmo por pelo menos dois anos, porque não acredito que sairemos dessa situação com somente uma mudança de governo”, avaliou. O setor de retíficas de motores no Brasil movimenta em torno de R$ 1,8 bilhão por ano, com 3 mil empresas desse segmento, de acordo com dados da Rede Nacional de Retíficas (Conarem).

 

Meia vida

 

Já que o proprietário de veículo está apertando o cinto dos gastos, na hora da troca dos pneus aparece outra dúvida. Comprar novos ou recauchutados? O dono de borracharia Marco Cesar Bocalon, que tem seu estabelecimento no Jardim Boa Esperança, sentiu que de um tempo para cá que houve um aumento de 30% a 40% na procura por pneus chamados “meia vida” (aquele que não atingiu o desgaste máximo permitido pela legislação — 1,6 milímetro — perceptível pelos indicadores existentes nos pneus) e os recauchutados (que tiveram melhorias na banda de rodagem com uma espécie de capa). “A procura por esses tipos de pneus aumentou. Mas, por outro lado caiu bastante a busca por serviços de alinhamento e balanceamento de veículo”, ponderou Bocalon.

 

Ninguém deixa de se preocupar com a própria beleza

 

Em época de vacas magras, reza a lenda no mundo dos negócios que o consumidor pode até deixar de comprar carro, roupas ou eletrodomésticos, mas jamais deixa de investir em beleza. O setor está passando pela crise com pouco a reclamar. É o que o proprietário de um salão de beleza no bairro Ponte Preta, Junior Trindade, diz estar sentindo desde o início do ano. “O mês começou muito bem para nós. Acredito que quando o salão é um pouco maior os reflexos da crise não são muito sentidos”, avalia Trindade. Com cinco cabeleireiros, ele faz uma média de 64 cortes por mês, e esse número ele afirma não ter diminuído desde o fim do ano passado. Mesmo assim, encontrou uma forma de garantir que o cliente não o abandone, caso as finanças apertem. “Criei um pacote de cortes com um preço especial para conquistar ainda mais o cliente e deixar ele nesse salão. A cada quatro cortes, ele ganha um”, explicou.

 

De acordo com dados do Sebrae, o setor de beleza está entre os que mais crescem em todo o País. Apenas na categoria empreendedor individual, cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza representam 11,8% do total no estado de São Paulo. Quase a metade dos gastos estimados (47,4%) são feitos pela classe C, enquanto a classe A é responsável por 34,2% do consumo. 

 

Fonte: Correio Popular

 


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