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Pesquisa: motoristas não respeitam vagas especiais


11/04/2016

Foi só um minutinho", "não vi a sinalização". Se idosos e pessoas com dificuldades de locomoção pudessem fazer um desejo, certamente seria não mais ouvir desculpas de motoristas que desrespeitam as vagas especiais em estacionamentos.

 

A reportagem do Correio percorreu shoppings, bancos, supermercados e restaurantes e constatou que 62% dos motoristas não respeitam as vagas exclusivas. Algumas farmácias não seguem a lei e sequer reservam uma vaga.

 

No total de 151 vagas especiais pesquisadas pela reportagem, mais da metade dos veículos (94) não possuía a credencial fornecida pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que dá ao idoso ou portador de necessidades especiais o direito de estacionar no local indicado.

 

O valor da multa para quem estaciona na vaga prioritária sem ter a credencial chega a R$ 127,69 e o motorista é penalizado com cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Mas isso não chega a coibir o desrespeito, observado nos locais pesquisados pela equipe. 

 

O maior número de carros estacionados irregularmente foi em um shopping de Campinas. No centro de compras, por exemplo, de 35 veículos estacionados em locais reservados, apenas 13 traziam no para-brisa a credencial da Emdec. Dessa forma, 22 pessoas, entre idosos e deficientes físicos, teriam sido prejudicados.

 

Ludovico Gonçalves, de 68 anos, diz que já encontrou barreiras para estacionar em farmácias. "Tem farmácia que nem vaga exclusiva tem". E o que ele diz é mais comum do que se imagina. A reportagem constatou que duas farmácias pesquisadas em Campinas sequer tinham uma vaga reservada.

 

Na Vila Industrial, uma drogaria tem seis vagas, mas nenhuma reservada. Já no bairro Jardim Londres, outra farmácia conta com três vagas, no entanto, sem preferenciais. Os funcionários não quiseram se pronunciar. Em ambos os casos, o responsável pelo estabelecimento não estava no local.

 

A aposentada Márcia Possebon, de 77 anos, que estava com a credencial e estacionou o veículo de forma correta em um shopping, relaciona a lei com a falta de sensibilidade dos motoristas. "É preciso respeitar a lei já que os idosos não têm o mesmo vigor físico dos mais novos".

 

Além de idosos, pessoas com deficiência física enfrentam os mesmos entraves, embora com um agravante: a capacidade motora é, muitas vezes, mais restrita.

 

Vinícius Garcia, que é tetraplégico, confessa que evita sair de casa com o carro. "De uma maneira geral é difícil encontrar vagas, mas aos fins de semana a tarefa fica mais complicada".

 

Ida Palermo, de 55 anos, que tem problema de mobilidade, diz que fica triste por ver o desrespeito com o próximo. "Muita gente diz 'é só um minutinho'. Mas por que o minuto dessa pessoa é mais importante que o meu?", opina. "Falta a consciência cidadã de solidariedade com o próximo".

 

O professor e sociólogo Ricardo Antunes analisa que a concepção de que as pessoas com necessidades especiais devem ser tratadas com dignidade não é parte da história da sociedade brasileira. "A vida social é formada por diferenças. Durante anos nossa sociedade trata as pessoas com problemas de mobilidade com sentimento de 'pena' e, ao fazer isso, há uma discriminação com esse cidadão", pondera.

 

Na opinião de Antunes, faltam noções elementares de cidadania, solidariedade e compreensão por parte da população. "Isso acontece especialmente nas camadas da classe média e dominante, que se autointitulam privilegiados. O fato é que estamos em um padrão muito inferior ao dos países europeus", conclui.

 

PROJETO DE LEI SANCIONADO

 

O projeto de lei do vereador José Carlos Silva (PSB), que endurece a fiscalização das vagas prioritárias de estacionamento em estabelecimentos privados, foi sancionada pelo prefeito Jonas Donizette (PSB), segundo informou a assessoria de imprensa da Prefeitura nesta sexta-feira (8). No entanto, a assessoria explica que, por se tratar de um assunto complexo, está sendo preparado um decreto que irá regulamentar a lei.

 

A assessoria afirma que todas as secretarias envolvidas, bem como a Emdec, darão parecer para que a lei seja regulamentada. Ainda não há prazo para que isso aconteça.

 

O projeto de lei indica que estabelecimentos terão que afixar placas ou cartazes na entrada dos estacionamentos, informando sobre as sanções para quem utilizar indevidamente as vagas destinadas a deficientes ou idosos. Os comerciantes poderão firmar convênio com a Emdec para fiscalizar o uso das vagas.

 

Fonte: Corrreio Popular


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