10/04/2016
Entidades sindicais brasileiras estão iniciando uma campanha em solidariedade aos trabalhadores dos Estados Unidos, contra a marcha antissindical que tem ganhado fôlego no sul do país, no estado do Mississippi. Entre as empresas que encabeçam o movimento contrário à organização dos trabalhadores está a automotiva Nissan.
Na próxima segunda-feira (11), a questão será debatida em uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado. O senador Paulo Paim (PT-RS) foi procurado pelas entidades sindicais para atuar como mediador no conflito. “Essa audiência pública visa assegurar a liberdade e autonomia sindical no Mississippi porque os direitos humanos e dos trabalhadores são universais”, disse Paim. “Prestamos toda a solidariedade aos trabalhadores da Nissan”.
No Mississippi, a empresa intimida os trabalhadores com ameaças de fechamento da fábrica e proíbe que eles se organizem em sindicato. Assim, bloqueia qualquer reivindicação por melhores salários, segurança e saúde no trabalho.
“É inaceitável que a Nissan beneficie-se de um evento mundial associando sua marca aos Jogos Olímpicos Rio 2016 e não cumpra os compromissos acordados previamente com o Comitê, desrespeitando também o Brasil”, disse Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Outro que tece seus comentários a respeito é o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM): “a Nissan afronta o mundo e o Brasil”. Ele acredita que “unidos podemos pressionar a multinacional a respeitar os trabalhadores do Mississippi”.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense (SMSF), Silvio Campos, entende que a representação sindical garante condições melhores de trabalho e possibilita fechar acordos coletivos que beneficiam os trabalhadores. Ele esteve recentemente no Mississippi e disse que a empresa está endurecendo a campanha antissindical. Campos afirmou que no Brasil, os sindicatos têm uma boa relação com a empresa. “Não entendemos porque a Nissan não estabelece o mesmo tipo de relação nos Estados Unidos”.
Mesmo assim, a empresa tem outras condutas questionadas pelos sindicatos no Brasil. A Nissan é a única empresa do setor automobilístico a patrocinar os Jogos Olímpicos Rio 2016, e os sindicatos dizem que ela não respeita o código que estabelece critérios para patrocinadores e fornecedores do evento.
A empresa forneceu cerca de 4.500 veículos ao Comitê Rio 2016, que posteriormente serão entregues à cidade do Rio de Janeiro, e entrou diretamente com recursos financeiros, mas as cifras não são publicamente conhecidas. Os veículos são montados em fábricas de Nissan de diversos países, incluindo a unidade de Mississippi, nos Estados Unidos.
Fonte: Jornal GGN
UGT - União Geral dos Trabalhadores