06/04/2016
A Operativa da UGT-MG realizou nessa segunda-feira, 4 de abril, sua 13º reunião para discutir questões administrativas e operacionais da central, assim como avaliar as ações em curso ou realizadas e a agenda de lutas.
A reunião foi realizada no auditório do Sindicato dos Empregados do Comércio de Belo Horizonte e Região Metropolitana (SECBHRM), na rua Tupinambás, no Centro da capital mineira, e contou com a presença do presidente nacional da UGT, Ricardo Patah.
A exemplo das reuniões anteriores, houve também uma palestra sobre a conjuntura nacional, como parte do projeto de formação continuada das lideranças sindicais adotada pela UGT-MG. O convidado foi o doutor em Ciências Sociais, professor da PUC-MG e presidente do Instituto Ver Pesquisa e Estratégia, Malco Camargos.
Ele traçou um panorama do momento atual, apontando suas causas, consequências e soluções colocadas no cenário. De acordo com o professor, o Brasil já passou por outras crises políticas e econômicas e o ingrediente novo, desta vez, são os escândalos de corrupção. O resultado da junção desses três fatores - crise política, crise econômica e corrupção - ele chama de “a tempestade perfeita”.
Aliás, Malco Camargos afirma que há uma visão equivocada na opinião pública de que a corrupção é que determina a crie política, que, por sua vez, gera a crise econômica. “Há uma falsa ideia de que se resolver a corrupção os demais problemas serão resolvidos”, pontuou. A grande mídia, diga-se de passagem, contribui para a manutenção desse equívoco.
A crise e seus desdobramentos
Entre os fatores que influenciaram a crise econômica, na opinião dele, estão a situação internacional desfavorável, a política equivocada do governo de desoneração fiscal e a contenção da inflação com interferência governamental, por exemplo, no câmbio, combustível e energia. A isso junta-se a crise de confiança.
A crise política tem um componente ideológico por parte da oposição, ao não aceitar o resultado eleitoral; e a interferência da presidência da Câmara dos Deputados, ao colocar em votação as pautas-bomba e a paralisia decisória. Com isso, fragiliza o Executivo, impede a implementação de políticas públicas e agrava o déficit público.
A corrupção, que não é de hoje, tem, entre suas causas, a estrutura do estado como promotor do desenvolvimento econômico (desde Getúlio Vargas) e o sistema eleitoral que vincula de maneira espúria políticos e empresários.
Dizendo que o cenário é incerto, Malco Camargos não quis emitir opinião pessoal sobre qual das soluções de curto prazo apontadas seria a ideal: a aprovação ou não do impeachment da presidente Dilma Rousseff (conforme o processo que tramita no Congresso Nacional) ou a cassação do mandato. De qualquer forma, seja qual for a opção, haverá efeitos colaterais. Ele acha pouco provável uma possível renúncia.
O professor chama a atenção para um fato interessante: o que o PT perdeu com a crise não foi capitaneado por outro partido, provocado um vácuo na política brasileira atual. “Os líderes políticos estão cada vez mais rejeitados”, comentou, ao acrescentar: “O movimento sindical deve se prevenir e se organizar para enfrentar as dificuldades que estão por vir, seja de onde vierem”.
E o que dizer do movimento sindical?
A boa notícia da palestra foi o resultado de uma pesquisa feita pelo Instituto Ver Pesquisa e Estratégia, na América Latina. Foram 20 mil entrevistas no continente, sendo 1.250 no Brasil, em todos os estados.
O movimento sindical no Brasil, apesar de todas as dificuldades, aparece como 34% de aprovação popular, superior à média na América Latina (29%) e à confiança depositada no governo (19%), no Congresso Nacional (10%), no Poder Judiciário (32%), nos partidos políticos (20%) e no estado (26%). Embora encontre apoio em todas as faixas etárias, as mulheres e pessoas de maior renda e escolaridade são as que mais acreditam nos sindicatos.
“Os sindicatos ainda mantêm uma reputação que é suficiente para servir de instrumento de fomento. Talvez seja a hora de melhorar sua imagem e mostrar ao governo e à sociedade o que pode e sabe fazer. O momento é favorável para algo novo e a UGT pode surgir como protagonista. Vocês têm um exército na mão e não podem perder esse patrimônio”, aconselhou.
O presidente da UGT-MG, Paulo Roberto da Silva, se disse “um pouco surpreso” com o resultado da pesquisa. “Temos uma responsabilidade muito grande, porque atrás de cada sindicato há milhares de trabalhadores. Não podemos cair, e sim subir cada vez mais, entendendo as dificuldades que vivemos no dia a dia e combatendo as falhas que, sabemos, existem no movimento sindical”, considerou.
Posição da UGT
O presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, elogiou a iniciativa da UGT-MG de proporcionar palestras de alto nível em seus encontros periódicos, com uma compreensão macroeconômica do que ocorre no país.
Aos que cobram da central uma posição política sobre o momento atual, ele disse que um dos valores da UGT é a ausência do patrulhamento ideológico e o direito de cada um expressar seu ponto de vista individual, assim como a não ingerência nas decisões das UGTs estaduais. “Temos uma estrutura plural e, diferente de outras centrais sindicais, não estamos a serviço de um ou outro partido político”, declarou.
Para ele, são essas características que fazem com que a UGT mantenha um crescimento sustentável, ultrapassando a Força Sindical e se consolidando como a segunda maior central sindical do Brasil, conforme aferição do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
De acordo com ele, há questões do mundo sindical e trabalhista que preocupam e precisam da unidade das entidades ugetistas, como a manutenção dos empregos (patrimônio dos trabalhadores) e dos direitos trabalhistas e a não aprovação da terceirização sem limites, sinalizando claramente qual é a posição da UGT. “No que se refere à pauta trabalhista, isso sim, precisamos estar coesos e unidos, sem abrir mão de nossas convicções”, concluiu.
Fonte: UGT Minas Gerais
UGT - União Geral dos Trabalhadores