23/03/2016
Os transplantes de rins atingiram marca recorde no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp em fevereiro, com 18 transplantes, o maior registro mensal em 32 anos em um mês com dois dias a menos e menos dias úteis por causa do feriado prolongado de Carnaval. De acordo com o hospital, apenas um dos transplantes usou órgão de doador vivo e os demais foram com rins de doadores com diagnóstico de morte encefálica.
A aposentada Ester Borges, de Indaiatuba, deixou a lista de espera há duas semanas após 5 anos de diálise
De 1984 até terça-feira (22), o HC realizou 2,4 mil transplantes de rim, sendo cerca de 70% a partir de doadores mortos. Somente no ano passado, foram 124 cirurgias, o maior número nos últimos cinco anos. Os maiores índices mensais registrados até então foram em julho e agosto de 2010, com 16 transplantes em cada mês, e em junho e julho do ano passado, com 15 procedimentos.
Considerado um dos dez maiores serviços de transplantes renais do País, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o hospital foi o primeiro em número absoluto de transplantes de rins no Interior por ano entre 2008 e 2014. “A Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HC da Unicamp atua no incentivo do aumento do número de doadores reforçando que a atuação da família doadora é fundamental em todo esse processo. Acrescentamos ainda, que sem doador não há transplantações”, reforçou o neurologista Luiz Antonio da Costa Sardinha, coordenador da OPO.
Para a coordenadora do Programa de Transplante Renal da Unicamp, Marilda Mazzali, professora da Disciplina de Nefrologia da Faculdade de Ciências Médicas, o sucesso da equipe de transplantes foi possível pelo trabalho da equipe multiprofissional da OPO e pelo apoio da superintendência, além de “uma conjunção de fatores: o fato de ter muito doador e o fato de a direção do hospital possibilitar esse número de transplantes. A única coisa que não falta é receptor”.
A aposentada Ester da Silva Borges, de 67 anos, moradora de Indaiatuba, deixou a lista de espera há duas semanas depois de enfrentar cinco anos de diálise, dia sim, dia não, e sente gratidão pelos familiares da doadora, cuja única informação que possui é de que era jovem. “Eu só tenho que agradecer porque a gente fica tão feliz, principalmente a minha família. Peço muito a Deus que conforte essas pessoas”.
Mais comum
A coordenadora do Programa de Transplante Renal lembra que um doador salva pelo menos cinco vidas, pois doa duas córneas, dois rins, fígado, coração, pulmões e pâncreas, no entanto cerca de 40% dos transplantes realizados pelo HC Unicamp são de rins. “A gente usa um checklist para cada órgão de acordo com uma série de características, como se fosse uma graduação de critérios para utilizar os órgãos. E os critérios para doação de rins são um pouco mais amplos”, explica. Apesar de ser “mais popular”, a lista de espera para o transplante renal no HC atualmente é de 1,2 mil pacientes da região, sendo que 500 têm o estudo pré transplante completo e estão aptos a realizar o procedimento desde que encontrado um órgão compatível.
UGT - União Geral dos Trabalhadores