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Nova fase da Lava Jato mira executivos da Odebrecht e doleiros


22/03/2016

A Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da Operação Lava Jato nesta terça-feira (22), denominada "Xepa", em que os principais alvos são executivos da empreiteira Odebrecht e doleiros. A operação investiga a estrutura interna da construtora para pagamento de propina para vários setores, inclusive a Petrobras.

 

No Rio de Janeiro, Roberto Prisco Ramos, presidente da Odebrecht Oleo e Gas, teve decretada prisão temporária. Outro alvo é Hilberto Mascarenhas Alves Silva Filho, suposto controlador de contas secretas da empreiteira. Contra ele foi decretada prisão preventiva.

 

Em depoimento à polícia em fevereiro, Maria Lúcia Tavares, apontada como uma espécie de gerente da contabilidade paralela da construtora, afirmou que a menção a "acarajés" em e-mails trocados com Mascarenhas e Ramos, ambos ligados também à Odebrecht, refere-se a "porções de acarajé para entrega no Rio de Janeiro/RJ em um escritório".

 

Até agora, foram levados à sede da PF de São Paulo dois presos preventivos cujos mandados foram cumpridos na capital paulista, Marcelo Rodrigues e Olívio Rodrigues Júnior. A Folha apurou que um deles conversava com agentes policiais sobre arquivos de computadores da empreiteira Odebrecht.

 

DESDOBRAMENTO

 

Desdobramento da 23ª fase, a "Acarajé", em que o marqueteiro João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, foram presos –o casal trabalhou nas campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010 e 2014–, na etapa desta terça estão sendo cumpridos ao todo 110 ordens judiciais, sendo 67 de busca e apreensão, 28 de condução coercitiva, 11 de prisão temporária e 4 de prisão preventiva.

 

ação, que envolve 380 policiais federais, é realizada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco.

 

Os alvos de condução coercitiva prestarão depoimentos nas cidades em que se encontram. Os suspeitos presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

 

Os investigados responderão pelos crimes de lavagem de capitais, corrupção, organização criminosa e evasão de divisas.

 

"SETOR DE OPERAÇÕES ESTRUTURADAS"

 

As medidas deflagradas nesta manhã estão ocorrendo a partir da análise do material apreendido em etapas anteriores em que se descobriu que o Grupo Odebrecht mantinha um esquema de contabilidade paralela para pagar propina a pessoas ligadas ao poder público.

 

De acordo com o Ministério Público Federal, havia um "setor de operações estruturadas", que fez pagamentos de propinas até novembro de 2015, conforme troca de e-mails entre os investigados.

 

"Para operacionalizar o esquema ilícito, foi instalado um sistema informatizado próprio, utilizado para armazenar os dados referentes ao processamento de pagamentos ilícitos e para permitir a comunicação reservada entre os executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas", diz a Procuradoria.

 

A partir da análise de e-mails e planilhas, o Ministério Público apurou que pelo menos quatorze executivos de outros setores da Odebrecht pediam "pagamentos paralelos", o que era centralizado nesse "setor". "Essas evidências abrem toda uma nova linha de apuração de pagamento de propinas em função de variadas obras públicas."

 

De acordo com a Procuradoria, "dentre as razões que embasaram as prisões preventivas estão: as novas evidências de pagamentos de propinas vultosas, disseminadas e sistematizadas como modelo de negócio."

 

A investigação da PF aponta que eram realizados pagamentos em espécie a pessoas indicadas por ocupantes de altos cargos da empreiteira, independentemente da área de atuação do executivo. Há indícios concretos de a construtora "se utilizou de operadores financeiros ligados ao mercado paralelo de câmbio para a disponibilização de tais recursos", diz a PF.

 

As sedes da empreiteira Odebrecht na Bahia, no Distrito Federal e em São Paulo são alvos de buscas.

 

Colosso com faturamento de R$ 107 bilhões em 2014, Odebrecht toca seis das dez maiores obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e empregava diretamente 181 mil funcionários em 2013 (último dado disponível).

 

BRASÍLIA

 

Um carro da Polícia Federal entrou no início da manhã no hotel Royal Tulip, em Brasília, endereço de políticos na capital federal, e saiu por volta das 7h40, sem presos.

 

Além do hotel, em Brasília, a PF cumpre mandados em pelo menos outros três endereços. Lula estava hospedado nesse hotel pelo menos até a madrugada desta terça. Não há a informação, porém, se Lula é um dos alvos dessa etapa da operação.

 

No momento em que os agentes já cumpriam as medidas no interior do Royal Tulip, Dilma passou pedalando sua bicicleta a aproximadamente 50 metros da portaria do hotel.

 

Na noite de segunda (21), o ex-presidente jantou com Dilma para discutir a possibilidade de o governo manter a sua posse como ministro da Casa Civil, contestada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), já que o ministro Gilmar Mendes a considerou uma forma de tentar dificultar as apurações da Lava Jato.

 

Caso o governo vença no Supremo e Lula ocupe a cadeira ministerial, ele passará a ter foro privilegiado e, consequentemente, sai da alçada da operação em Curitiba.

 

Essa etapa foi deflagrada um dia depois da "Polimento", a primeira fase internacional da operação. Realizada em Portugal, teve como alvo o operador Raul Schmidt Felippe Junior, investigado por suspeita de pagamento de propina aos ex-diretores da Petrobras Renato Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró. Schmidt estava foragido desde julho de 2015.

 

OUTRO LADO

 

Por meio de nota, a Odebrecht "confirma que a Polícia Federal cumpriu hoje mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil".

 

"A empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários", completa. 

 

Fonte: Folha de São Paulo


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