17/03/2016
Dois anos após o início da Operação Lava Jato, em 17 de março de 2014, não parece exagero prever que a história do País será dividida em antes da Lava Jato e depois da Lava Jato. Os números da operação são superlativos. Até a 24ª fase, a mais recente e que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor, foram 93 condenações e penas que somam 990 anos e 7 meses de prisão.
Ao longo desses vinte e quatro meses, com praticamente uma fase por mês, as investigações avançaram e chegaram até Lula, ao desvendar uma rede de corrupção envolvendo políticos, empresários e doleiros que usavam dinheiro de contratos superfaturados e propina da Petrobras para abastecer os caixas de partidos políticos e os bolsos de operadores. De acordo com o Ministério Público Federal, a propina soma R$ 6,4 bilhões nos crimes já denunciados.
Ao contrário do que se via em investigações anteriores do País, ninguém foi poupado. Até o presidente da maior empreiteira do Brasil, Marcelo Odebrecht, foi preso e condenado a 19 anos de prisão. Ao todo, a Lava Jato teve até agora 37 acusações criminais contra 179 pessoas.
A prisão de Odebrecht é considerada um marco pelos delegados da Lava Jato. A 14ª fase, foi batizada com uma expressão em latim que significa ‘vale para todos’. Além de Odebrecht, outro presidente de uma grande empreiteira, Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez, foi preso. Ao descrever a Lava Jato, o delegado Eduardo Mauat resume um sentimento não só dele, mas de todo um País.
— A lei vale para todos.
O nome da operação, batizada pela delegada Erika Marena, da delegacia da Polícia Federal de Curitiba especializada em crimes financeiros, mostra como tudo começou: uma investigação que pareceria ser apenas sobre a atuação isolada de um doleiro e que acabou chegando até aos mais altos cargos da República.
— Pus [o nome] Lava Jato [na operação], mas naquela esperança: a gente vai investigar um doleiro, acho que em dois três meses a gente termina e até o final do ano deflagra e dezembro está tudo relatado, e o nome ficou e hoje batiza um trabalho desse tamanho.
Lava Jato não era um lava jato em si, e sim uma lavanderia que funciona no Posto da Torre em Brasília, um posto de gasolina usado como negócio de fachada pelo doleiro Carlos Habib Chater, parceiro do doleiro Alberto Youssef em negócios ilegais.
Após as primeiras prisões, entre elas de Chater e Youssef, o expediente da delação premiada, usado pelo Ministério Público Federal para produzir provas usadas pelo juiz Sérgio Moro em suas decisões, funcionou como um castelo de cartas do grande esquema.
Foram 49 acordos de colaboração premiada com réus. O valor total que a operação pede de ressarcimento ao País pelos crimes, incluindo multas, é de R$ 21,8 bilhões.
Fonte: R7
UGT - União Geral dos Trabalhadores