14/03/2016
Na manhã desta segunda (14), cariocas ainda contabilizavam os prejuízos provocados pelas chuvas da noite de sábado (12). Como mostrou o Bom Dia Rio, quem passava por ruas da região da Praça da Bandeira tinha a impressão que uma tsunami tinha passado pelo local. A força da água fez com que os carros ficassem amontoados, uns sobre os outros. Dezembro de 2013 que a região não passava por uma enchente.
Um rapaz que deixou o carro parado na rua, viajou a trabalho e voltou na manhã desta segunda, afirmou que deve gastar quase o valor de venda do carro para recuperar o veículo. “Cheguei e vi o carro assim nesse estado, todo sujo de lama, boiando, os moradores falando que ele só não foi arrastado porque Deus não quis”, afirmou Fábio. A água chegou quase na altura do painel do carro do rapaz.
Imagens enviadas por um telespectador mostram que a enchente invadiu um bar e os clientes ficaram com a água na altura do peito. No momento em que a chuva começou a ficar mais intensa, os funcionários correram pra tentar salvar o que puderam.
Grelhas, gavetas, mesas e cadeiras foram colocadas no alto. Foram seis horas debaixo d´água. “Não dava para ver 10 metros na sua frente aqui do lado de fora. Eu disse, infelizmente vai encher mais uma vez”, lamentou Leonardo Rocha, sócio do bar. A água também invadiu shoppings e hospitais da Zona Norte da cidade.
Na Rua Felisberto de Menezes, a água invadiu a garagem, que é subterrânea, e os carros ficaram submersos. Segundo os moradores do local, na garagem há 12 carros e duas motos. “Minha mãe já perdeu três carros, em 2008, 2010 e 2016, que é esse ano. Com o piscinão a gente pensava que ia aguentar, né? Mas não foi”, disse Matheus Amendola.
Em um outro prédio da região os moradores também contabilizavam prejuízos. Além dos carros que ficaram flutuando, moradores passaram a madrugada sem energia, e ficaram sem água e sem elevador. “Vão ser dias para esvaziar isso e a cisterna está lá embaixo, vamos ficar dias se água, se elevador, a gente mora no décimo andar, vai ser complicada a semana”, disse o corretor de seguros Maurício Neves.
Moradores se mostravam desolados, porque acreditavam que os piscinões feitos pela prefeitura fossem suficientes pra evitar as enchentes. “Tantas obras que a prefeitura fez , na Praça da Bandeira, na Praça Varnhagem, o que a gente vê aí é que não adiantou nada”, criticou Alexandre Alves.
Em dezembro de 2013, o prefeito Eduardo Paes disse que as obras de todo o sistema de drenagem da região da Grande Tijuca ficariam prontas em até dois anos. “Você tem mais cinco piscinões. Então eu já adianto aqui você minimiza o problema com o primeiro piscinão. Nós estamos fazendo mais cinco. Para o sistema estar todo funcionado, essas obras dessa região toda da Tijuca vão demorar ainda um ano e meio, dois anos, pela complexidade das obras”, garantiu o prefeito.
Um comerciante da região, que teve a loja invadida pela água, acredita que o prejuízo deve ser de carca de R$ 30 mil. A correnteza chegou a arrastar a porta do estabelecimento. Outro comerciante que trabalha na região há mais de 40 anos afirma que essa foi uma das piores chuvas. “É uma coisa ruim, desagradável no comércio. A gente passar por isso é difícil”.
A água também invadiu uma autoescola. “Perdemos móveis, computador, entrou água nos arquivos. Enfim, estamos aí tentando recuperar”, diz Débora de Paula. Funcionários da Comlurb usaram máquinas e caminhões, pra limpeza, em frente ao Maracanã. A Rua Pereira de Almeida foi interditada pros garis limparem. Um morador tirava com as mãos o lixo que ficou agarrado numa muda de árvore, na margem do rio. “As árvores ficam totalmente cheias de lixo e isso é recorrente. Não adianta fazer piscinão. Tem que tomar medidas pra despoluir o rio”, criticou o morador.
“Infelizmente nós ainda estamos a mercê desses acontecimentos. É lamentável que a cada chuva forte que caia a gente não tenha condição nem de sair daqui pra tirar o carro, Não tem como dizer a tristeza que a gente sente e a revolta também”, criticou.
Em nota, a prefeitura disse que as obras do piscinão da Praça Varnhagen e o desvio do Rio Joana vão ficar prontas no segundo trimestre desse ano e que os serviços não ficaram prontos dentro do prazo porque a construtora responsável pela execução do projeto pediu o cancelamento do contrato. O município teve que fazer uma nova licitação pra contratar outra empresa, que vai dar continuidade ao projeto.
“Desde o dia que nós inauguramos o piscinão da Praça da Bandeira, do final de 2013 e depois quando nós inauguramos os três piscinões da Praça Niterói, ficou muito claro que isso é um sistema. Para concluir esse sistema falta ainda o piscinão da Praça Vanhargem e, o mais importante de todos, que é o desvio do Rio Joanna. O Rio Joanna hoje vai para o Rio Maracanã, que encontra o Trapicheiros. Nós estamos desviando, passando por baixo da Quinta da Boa Vista, passando por baixo de São Cristóvão. Aí sim, quando você tiver com tudo concluído que você tem o sistema funcionando”, destacou o prefeito Eduardo Paes.
Fonte: G1
UGT - União Geral dos Trabalhadores