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Casal de idosos vive em contêiner há 4 meses em Campinas


08/03/2016

Há quatro meses um contêiner se transformou no lar do casal de aposentados José Pereira de Souza, de 75 anos, e Cláudia Constantino Rodrigues, de 71 anos. Localizada na Avenida Doutor David Vicente, perto da garagem Bonavita, no bairro Bonfim, em Campinas, a estrutura foi doada por um desconhecido que passava pela via e viu Souza levantando no meio do mato um barraco de madeira. “Ele disse: ‘o senhor tem autorização para construir aí?’. Eu disse: ‘não’. Então ele falou: ‘Não faz um barraco não. Vou te dar um contêiner, pelo menos fica com um aspecto melhor’. Ele falou que até as 20h daquele dia me entregaria e entregou na hora marcada”, lembrou Souza.

 

O contêiner já veio com uma janela e duas portas. O assoalho é de madeira, sobre o metal. No teto, o casal usou papelão para amenizar o calor, no Verão, e o frio, nos dias úmidos.

 

O terreno, de cerca de 200 metros, tem dono, mas o casal não sabe quem é. O local, segundo os moradores, estava desabitado e cheio de mato. O alambrado estava com buracos e o portão, sem cadeado. Agora, tudo está limpo. O portão tem corrente e cadeado. “Carpi tudo, fiz os remendos no alambrado e passei a cuidar daqui. Sei que tem dono e não estou invadindo. Queria que o dono aparecesse e me deixasse ficar aqui, cuidando desse local. Estamos velhos e doentes.”

 

O casal pagava cerca de R$ 600 de aluguel em uma casa no Jardim Mirante, em Hortolândia, mas não aguentou com a despesa, já que os dois recebem um salário-mínimo cada. “Gastamos muito com remédios, sem contar que a Cláudia paga R$ 400 de pensão para uma neta de 17 anos. O filho dela morreu e ela ficou responsável pela pensão”, contou o idoso.

 

Souza e Cláudia pagavam aluguel em Campinas, mas não aguentaram e se mudaram para Hortolândia. O casal vive junto há 42 anos. Ele conta que já trabalhou na Prefeitura de Campinas, em administrações passadas, como segurança, ascensorista e outros cargos que não se recorda. Do primeiro casamento teve quatro filhos, sendo que um morreu e os outros três, com idades acima de 40 anos, vivem com a mãe. Um deles tem problema psiquiátrico, o outro é usuário de drogas e uma moça, que ele prefere não falar a sua profissão.

 

Cláudia teve um único filho, que morreu. No ano passado, ficou sabendo que tem uma neta e foi obrigada a pagar pensão para a adolescente. “Somos só nós dois. Um cuida do outro”, disse.

 

Com ajuda de anjos da guarda, que ele nem sabe quem é, o casal conseguiu instalar um poste de luz e mensalmente paga a conta social. Neste mês, a conta foi de R$ 18. Eles fazem questão de exibir a conta e mostrar que pagam. “Não temos água. É necessária a autorização do dono”, disse.

 

Para cozinhar, banhar e limpar a louça, o casal usa a água doada por um rapaz que leva, uma vez por semana, um galão de 80 litros. “Tomamos banho uma vez por semana. Não podemos gastar água. Com esse calor, é ruim ficar muitos dias sem se banhar”, falaram.

 

Apesar da pouca condição financeira e da limitação, o casal cuida bem do local. A casa é limpinha. Tem móveis surrados, mas bem cuidados. A cama fica ao lado do fogão. O armário, bem pequeno, ao lado do fogão e sobre ele, uma TV de tubo. Para refrescar os dias quentes, um ventilador, doado por uma mulher que passava pelo local e ficou comovida. No quintal há espaço para o plantio de feijão e até criação de galinha. Para as necessidades fisiológicas, Souza fez um banheiro com fossa.

 

A Secretaria da Cidadania, Assistência e Inclusão Social, disse que não tem conhecimento do caso do casal e vai procurar informações para ver o que se pode fazer. A Secretaria de Habitação informou que através do nome dele achou dois homônimos como José Pereira de Souza no cadastro da Cohab. Porém, sem o número do CPF dele não há como descobrir se trata da mesma pessoa. No entanto, orientou que se possuem necessidade habitacional, eles devem se inscrever na Cohab e manter o cadastro atualizado para poder participar dos próximos sorteios. 

 

Fonte: Correio Popular


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