07/03/2016
O tempo em que os bancos deixavam clientes por meses e meses no rotativo do cartão de crédito ou no cheque especial chegou ao fim. Com a recessão, as principais instituições passaram a turbinar linhas de crédito de prevenção à inadimplência.
Esse tipo de produto financeiro tem juros menores e prazos maiores. Foi criado há cerca de dois anos, quando era fácil conseguir crédito na praça. Naquele momento, os bancos temiam que os tomadores de empréstimos perdessem o controle de seu orçamento. Com a recessão, as chances de inadimplência são ainda maiores. Por isso, os bancos se anteciparam oferecendo o produto.
"Ninguém quer cliente negativado", diz Rodrigo Cury, superintendente executivo do Santander da área de cartões. "O bom cliente é aquele que fica dez anos e não aquele que em alguns meses deixa de pagar e eu o perco."
No Santander, qualquer correntista pode optar por aderir ao Sob Controle, nome do produto "anti-inadimplência" do banco, caso perceba que está perto da inadimplência ou entrando no cheque especial todo mês.
Já o Banco do Brasil monitora a movimentação de seus correntistas e oferece o CDC Renovação para clientes que se enquadram em um perfil previamente definido.
"A oferta vai para um cliente que utiliza mais de 50% do limite do cheque especial por mais de 60 dias, por exemplo", diz Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do BB.
O Itaú Unibanco possui o Sob Medida, que unifica contratos de crédito pessoal, cheque especial e cartão de crédito em um único produto.
VALE A PENA?
A opção por uma dessas linhas "anti-inadimplência" pode ser benéfica, mas não em todos os casos. Segundo consultores, é preciso analisar as taxas de juros e o prazo antes de fechar o contrato.
O professor de matemática financeira José Dutra tem uma regra básica: "Se as taxas forem mais baixas do que o cliente já vinha pagando, vale a pena", diz.
Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), recomenda esse tipo de linha para quem está refém do cheque especial ou do cartão de crédito. "Você vai dobrar a dívida [do cheque especial ou do cartão] em pouco tempo", diz.
ALTERNATIVAS
Os bancos também contam com outras linhas de crédito para o cliente que pretende reorganizar dívidas. Crédito com bens em garantia ou, em alguns casos, o consignado, podem ser mais adequados.
A Caixa oferece a linha Penhor, com juros de 1,93% ao mês. É possível usar o imóvel como garantia.
"O brasileiro tem medo [desse tipo de produto], mas você deve pensar em todas as formas para quitar o que poderá te matar lá na frente. Se você se planejar, não há perigo em perder o imóvel", diz Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito.
Os juros nesse tipo de operação variam de 1,54% a 2,20% ao mês. "Quanto mais garantias o banco tiver, mais baixa será a taxa para o cliente", diz Prata.
"Antes, o cliente ficava rodando por linhas com juros altíssimos. Agora, o banco já propõe uma alternativa."
CRÉDITO CONTRA INADIMPLÊNCIA
O QUE É?
Linha oferecida a clientes que mostram chances de se tornarem inadimplentes, quem fica muito tempo no cheque especial, quem cai sempre no rotativo do cartão de crédito, quem tem prestações a vencer em poucos meses. Bancos identificam esses correntistas e oferecem crédito com juros menores.
QUEM PODE USAR?
Aquele cliente que já sabe que não vai conseguir quitar todas as dívidas do mês ou que já está utilizando formas mais caras de crédito. Os bancos oferecem maneiras de renegociar o montante devido, limitando parcelas e renegociando prazos.
TENHA ATENÇÃO
Dinheiro de banco só é bom quando planejado. Por isso, antes de aceitar a oferta, clientes que 'estouram' o limite todo o mês devem fazer um diagnóstico financeiro para identificar possíveis gastos abusivos.
QUANDO?
Se você tem dívidas no cartão ou no cheque especial e não vai conseguir quitá-las, pode ser a hora de utilizar esse crédito. Pergunte ao banco sobre a linha e a taxa de juros oferecidas.
ONDE CONSIGO?
A maioria das linhas de crédito está disponível em todos os canais –agências, internet, telefone ou caixas eletrônicos. Em uma conversa com seu gerente, é possível descobrir as alternativas.
DICA 1
Negocie. O banco sempre trabalha com uma folga entre as taxas apresentadas na primeira negociação e a que ele efetivamente pode cobrar de você. Lembre-se que quanto menor o risco, menor também é a taxa cobrada.
DICA 2
Os bancos costumam embutir seguros em operações de crédito. O cliente não é obrigado a contratá-lo, mas o juro sobe sem a garantia. Peça ao banco o custo efetivo total do seu novo empréstimo com e sem seguro antes de fechar o contrato.
QUANDO NÃO CONTRATAR?
Quando o crédito oferecido for menor que a dívida total ou quando tiver acesso a linhas mais baratas, como as que têm bens como garantia.
Fonte: Folha de São Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores