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Varejo tem o pior desempenho desde 2001 com queda da renda e crédito mais restrito


16/02/2016

A queda da renda e a piora do mercado de trabalho, aliadas ao crédito mais caro e restrito e à retirada de incentivos fiscais para determinados setores, fizeram com que o varejo amargasse o pior desempenho em quinze anos. As vendas do comércio varejista encolheram 4,3% em 2015, o maior recuo da série histórica, iniciada em 2001 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As taxas negativas foram disseminadas: sete das oito atividades que compõem o setor tiveram queda no período. 

 

"Entre dezembro de 2014 e dezembro de 2015, a conjuntura enfraqueceu, com piora do mercado de trabalho, menos trabalhadores com carteira assinada. Não é só a taxa de desocupação que cresceu, mas a qualidade do trabalho também diminuiu", notou Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. O varejo já opera 9,5% abaixo do pico de vendas, registrado em novembro de 2014. 

 

Os destaques negativos, segundo o IBGE, foram: móveis e eletrodomésticos (-14%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,5%); tecidos, vestuário e calçados (-8,7%) e combustíveis e lubrificantes (-6,2%). Na comparação com 2014, o único setor que apresentou aumento no volume de vendas foi artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com 3% de avanço. Apesar de positivo, foi o pior desempenho da série histórica. 

 

"É um setor que oferta bens essenciais e de demanda contínua", ressaltou Isabella. "Mas farmácia está perdendo ritmo. Embora sejam produtos essenciais, a renda (menor) tem um impacto também", completou a pesquisadora.

 

O aumento da inflação - que fechou 2015 com alta de 10,67%, o maior patamar desde 2002 - também prejudicou o desempenho do varejo, de acordo com o IBGE. O forte avanço dos preços impactou, principalmente, os setores de supermercados e combustíveis. 

 

"Alimentos têm relação direta com a renda (menor). E, em relação aos eletrodomésticos, a gente tem os juros para pessoa física (mais altos) e, em 2014, essa atividade tinha alguma isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e agora não tem mais", lembrou Isabella. 

 

Já o comércio varejista ampliado -  que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção - fechou 2015 com queda ainda maior: -8,6% (também o maior recuo da série histórica do IBGE). 

 

O resultado reflete o comportamento das vendas de veículos, motos, partes e peças (-17,8%) e de material de construção (-8,4%), os recuos mais elevados das suas séries. Novamente, os fatores que justificam este desempenho, segundo o instituto, são a diminuição do ritmo de crédito, a gradual retirada dos incentivos via redução do IPI, a elevação da taxa de juros e a restrição orçamentária das famílias.

 

Regionalmente, 26 das 27 unidades da federação tiveram queda no volume de vendas - com destaque para Amapá (-12,4%), Paraíba (-10,3%) e Goiás (-10,2%). A exceção, segundo o IBGE, ficou por conta de Roraima, com avanço de 6,5%. Considerando o varejo ampliado, todas as unidades registraram recuos, sendo o maior deles no Espírito Santo (-16,2%).

 

Efeito Black Friday. "(Em dezembro), o impacto (negativo) foi muito concentrado em setores que comercializam bens de consumo duráveis, como móveis e eletrodomésticos, equipamentos de comunicação, especialmente tablets e smartphones. Porque, em novembro, teve antecipação das vendas, o que vem ocorrendo cada vez mais", afirmou Isabella.

 

As duas atividades tiveram resultado forte de vendas em novembro ante outubro, estimuladas pelas promoções da Black Friday e compras antecipadas de Natal através do comércio eletrônico. "As promoções de novembro tem muito a ver com esse segmento de bens de consumo duráveis. Novembro foi um mês um pouco fora da curva", completou a pesquisadora.

 

Segundo Isabella, as promoções da Black Friday e a antecipação de compras para o Natal via comércio eletrônico estão até mudando a sazonalidade da Pesquisa Mensal de Comércio. O mês de dezembro, que tradicionalmente concentrava mais as vendas, está cada vez mais próximo do desempenho de novembro.

 

"O que vem acontecendo nos últimos três anos é que essa diferença entre novembro e dezembro vem se encurtando. Não por acaso você tem nesses anos essas promoções mais agressivas de bens duráveis e aumento no hábito de compras online. Você compra antes (no comércio eletrônico), porque tem logística de entrega e só paga o cartão em dezembro", explicou ela.

 

Fonte: Estadão

 


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