03/12/2015
A Fifa abre um processo investigativo contra Marco Polo Del Nero, presidente da CBF. Os motivos não foram revelados por enquanto. Mas o caso está com o Comitê de Ética da entidade. Se punido, Marco Polo Del Nero poderá ser suspenso do futebol e terá de deixar a CBF.
O brasileiro não viaja ao exterior desde maio, quando José Maria Marin foi preso. Na semana passada, ele obrigou a Conmebol a realizar sua reunião no Rio de Janeiro para que um substituto fosse escolhido para seu lugar no Comitê Executivo da Fifa. O substituto foi Fernando Sarney, que está na entidade.
O caso contra Del Nero foi aberto no dia 23 de novembro e com suspeitas de uma série de violações ao código de ética da entidade. A investigação da Fifa, porém, não tem relação com as prisões realizadas nesta quinta-feira em Zurique, com dois latino-americanos entre os detidos.
Nos EUA, a apuração sobre Del Nero se debruça sobre pagamentos feitos por José Hawilla, dono da Traffic. A Justiça aponta como o empresário brasileiro foi obrigado a compartilhar um contrato que tinha com a CBF para os direitos da Copa do Brasil com a Klefer a partir de 2011. Para o período entre 2015 e 2022, a Klefer pagaria à CBF R$ 128 milhões pelo torneio, minando a posição privilegiada que Hawilla tinha desde 1989.
Para evitar uma guerra comercial, Hawilla e a Klefer entraram em um entendimento. Mas só neste momento é que a Klefer informou que havia prometido o pagamento de uma propina anual a um cartola da CBF, cujo nome não foi revelado.
Essa mesma propina teria de ser elevada a partir de 2012 quando dois outros membros da CBF entrariam em cena. Um deles é José Maria Marin, preso em Zurique e extradito aos Estados Unidos. O outro, segundo os americanos, seria Del Nero.
Dois documentos revelados no dia 27 de maio pelo Departamento de Justiça dos EUA confirmam a suspeita. Del Nero nega que ele seja a pessoa indiretamente apontada nos informes.
Num deles, um empresário "informa Hawilla que o pagamento de proprinas aumentou quando outros dois executivos da CBF - especificiamente o co-Conspirator #15 e co-Conspirator #16 - pediram propinas tambem".
O documento explica que o co-conspirador 15 era membro do alto escalão da CBF e membro da Fifa e da Conmebol - a descrição apenas pode ser preenchida por José Maria Marin. Naquele momento, ele era o presidente da CBF, era membro da Fifa e da Conmebol.
Já o co-conspirador 16 seria membro do alto escalão da Fifa e da CBF. Nesse caso, apenas Del Nero mantinha um cargo na CBF (vice-presidente) e na Fifa (membro do Comitê Executivo).
"Hawilla concordou em pagar metade do custo da propina, que totalizava R$ 2 milhões por ano, para ser dividido entre co-conspirator #13, co-conspirator #15, e co-conspirator #16", indicou o indiciamento do empresário.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores