29/10/2015
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) já colocou sua marca em causas pró-sustentáveis. Rumo à COP 21 (Conferência do Clima da ONU), que será realizada em dezembro, em Paris, quando será pautada a agenda pós-2015, a UGT fincará sua bandeira e os primeiros passos foram dados. Nesta terça-feira, 27/10, participou do evento “Clima, Água e Paz sem Fronteiras”, encontro preparatório para a 21ª Conferência do Clima, realizado no Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (PROAM), em parceria com o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Evento reuniu representantes do governo, organismos brasileiros voltados ao meio ambiente e grandes especialistas no assunto para elaborar um documento com recomendações e políticas endereçadas à COP 21.
A participação da UGT na Rio+20, em parceria com os Objetivos do Milênio e do Desenvolvimento Sustentável (PNUD-ONU) e seu envolvimento nas COPs demonstram as ações da instituição em busca do mundo que queremos: transparente, com qualidade, sem violência, sustentável, inclusivo, participativo, com transição justa e trabalho decente.
Discutir políticas públicas para o Clima, envolve também interesses econômicos, consequências que vão refletir na sociedade. Pela transparência e uma sociedade mais justa, a UGT luta para que as informações sejam passadas de forma clara, para que soluções possam ser encontradas e impedir o demasiado aquecimento global, decorrente também da crise hídrica. Sem meios de subsistência como a água, aumenta o conflito entre os homens.
Carlos Bocuhy, presidente do PROAM, chama a atenção para a interação do homem no planeta, que é de uma intensidade muito forte, principalmente nas emissões de carbono. “Os homens das grandes organizações econômicas sabem dos perigos, mas eles precisam pensar no sistema econômico, que produza lucro. Também é necessário considerar o índice de corrupção que corrompe o modelo de planejamento e impede o equilíbrio social”, explica.
A questão da água para o aquecimento global será cada vez mais dramática. Segundo Bocuhy, as projeções de metano no Ártico não são consideradas, ocasionado o grande desgelo. “Um aquecimento de 2° C levaria a um aquecimento no Ártico de algo entre 3,2° C e 6,6° C em 2050”, exemplifica.
É preciso repensar o modelo civilizatório para pensar no Planeta. Dr. Paulo Affonso Leme Machado, Mestre em Direito Ambiental e Ordenamento do Território pela Universidade de Estrasburgo, na França, chamou a atenção para a qualidade da água que vem piorando e a tendência que vem crescendo em privatizar esse recurso. Citando a Encíclica Laudato Si do papa Francisco - um instrumento para a política do direito ambiental e do que a realidade quer como desafio - aponta que o acesso à água é um direito humano, porque determina a sobrevivência das pessoas.
Entre tantos pontos que a Encíclica traz para debate de um meio ambiente melhor, entra também a importância da consciência do ser humano com o local em que vive e alerta para o discurso do crescimento sustentável, que se torna um disfarce e meio de justificação que absorve valores do discurso ecologista dentro da lógica da finança e da tecnocracia, assim como a responsabilidade social e ambiental das empresas, que se reduz a uma série de ações de publicidade e imagem.
É preciso que cada nação seja mais atuante e que o ser humano conviva melhor com a natureza. Luiz Marques, do departamento de História da Unicamp, mostra que o Brasil dá uma forte contribuição nesse triste quadro. Em sua obra “Capitalismo e Colapso Ambiental”, Marques reporta dados da edição de 2014 da Low Carbon Economy Index. Segundo os quais, as emissões de CO2 em território nacional cresceram 62% entre 1990 e 2005. “Apenas em 2013, conforme computado pelo Sistema de Estimativa de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o país gerou 1,56 bilhão de toneladas de CO2, um salto de 7,8% em relação a 2012. Trata-se de uma das maiores taxas de crescimento do mundo”, informa.
Por essa razão, conforme lembra ainda Marques, o relatório The Climate Change Performance Index 2015 lamenta que o Brasil “bateu no fundo do poço”: caiu da 10ª posição em 2007 para a 35ª em 2013, situando-se em 2015 na 49ª posição entre os 58 países avaliados, portanto entre os dez piores do ranking.
Mariana Veltri – imprensa da UGT e Nós Podemos SP
UGT - União Geral dos Trabalhadores