14/10/2015
A Anheuser-Busch InBev, que tem como principal acionista o brasileiro Jorge Paulo Lemann –com o fundo de investimentos 3G– e a britânica SABMiller anunciaram a terceira maior fusão empresarial da história, que criará um gigante responsável pela venda de uma em cada três cervejas no mundo.
Após quase um mês e quatro aumentos no valor da oferta, a AB InBev, líder do setor, conseguiu convencer a SABMiller, vice-líder, a aceitar a oferta de £ 68 bilhões (o equivalente a US$ 104 bilhões, ou R$ 405 bilhões).
Se a transação for concretizada como o previsto, o novo grupo incluirá as marcas de cerveja americana Budweiser e belga Stella Artois, da AB InBev, assim como a italiana Peroni, a tcheca Pilsner Urquell e a holandesa Grolsch, da SABMiller.
Os conselhos das companhias disseram que chegaram a um acordo "em princípio".
CAMINHO PARA A ÁFRICA
A empresa gigante criada com a operação venderá uma em cada três cervejas no mundo, da mexicana Corona (exceto nos Estados Unidos) à australiana Foster, passando pela chinesa Snow –a marca mais vendida no mundo–, mas, antes, terá que receber a autorização das agências reguladoras.
Com esta compra bilionária, a AB InBev abre caminho na África, particularmente na África do Sul, onde a SABMiller nasceu há 120 anos.
Se ao valor da compra for adicionado o da dívida da SABMiller, o valor da operação chega a £ 80 bilhões (US$ 122 bilhões, R$ 475 bilhões).
O valor oferecido por ação da empresa britânica é 50% maior do que a cotação do papel em 14 de setembro, antes dos boatos sobre uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), que elevaram o preço, destacou o Conselho de Administração da SABMiller.
"Observadas as presenças geográficas amplamente complementares e as carteiras de marcas da AB Inbev e da SABMiller, o grupo vai operar em quase todos os grandes mercados de cerveja, incluindo as regiões emergentes com fortes perspectivas de crescimento como África, Ásia, América Central e do Sul", anunciou a AB InBev há alguns dias, quando tentava convencer os acionistas de sua então concorrente.
A operação foi anunciada apenas um dia antes do fim do prazo para uma oferta firme. Caso essa oferta tivesse sido rejeitada, a AB InBev teria sido obrigada a interromper as investidas por pelo menos seis meses.
DIVISÕES E CONCILIAÇÃO
As ofertas provocaram divisão na SABMiller, e a maior acionista da empresa, a companhia americana de tabaco Altria (proprietária da marca Marlboro), que pressionava a favor da operação.
Ao mesmo tempo, a família colombiana Santo Domingo, proprietária de 14% das ações da SABMiller e representada por Alejandro Santo Domingo, era contrária ao negócio com a AB InBev.
Os Santo Domingo são proprietários da marca de cerveja colombiana Bavaria e, em meados dos anos 90, receberam uma oferta de compra da brasileira Brahma, que não prosperou na ocasião. O proprietário da Brahma era Jorge Paulo Lemann.
A fusão anunciada nesta terça-feira reúne finalmente duas das famílias mais poderosas da América Latina.
Esta será a terceira maior fusão-aquisição da história, segundo o instituto de análises Dealogic.
O maior valor foi movimentado em 1999, com a compra, pelo grupo de telecomunicações Vodafone, da alemã Mannesmann, por US$ 172 bilhões, incluindo a dívida.
Em 2013, a Vodafone vende 45% de sua participação na Verizon Wireless à gigante americana Verizon, por US$ 130,1 bilhões.
Abaixo do negócio das cervejeiras vêm a fusão, em 2000, das americanas Time Warner e AOL por US$ 112,1 bilhões (as duas separaram em 2009) e a compra pela Pfizer, em 1999, da Warner Lambert por US$ 111,8 bilhões, incluindo a dívida.
Fonte: Folha de São Paulo
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