22/09/2015
Sem receberem uma proposta de avanço nas negociações salariais e do plano de carreira, os trabalhadores da Itaipu Binacional, da sede administrativa de Curitiba, entraram em greve a partir da meia noite de hoje, segunda-feira, 21/09.
“Essa greve no setor administrativo da Itaipu, que começa hoje por tempo indeterminado, é consequência da total falta de diálogo da empresa com seus trabalhadores”, diz o presidente do Sindenel (sindicato filiado à UGT e que representa a categoria em Curitiba) Alexandre Donizete Martins. O dirigente sindical adiantou que a planta de geração de energia (mesmo com a greve que também acontece em Foz do Iguaçu), não será comprometida. Em Curitiba à greve é de praticamente 100%, pararam todos os setores. Os únicos trabalhadores que se mantém no prédio são os coordenadores com cargos de chefia e os administrativos.
Os grevistas exigem que haja a equiparação salarial entre os trabalhadores brasileiros e paraguaios. “É inadmissível que trabalhadores brasileiros, desempenhando a mesma função ao lado de trabalhadores paraguaios, numa mesma empresa que se diz binacional, recebam menores valores salariais e tenham suas carreiras completamente comprometidas”, diz o diretor do sindicato Carlos Minoru Koseki. Segundo Koseki, o Dieese-Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, preparou um estudo detalhando o PCR (plano de carreira e remuneração) e nessa análise ficou evidenciado que os trabalhadores brasileiros chegam a perder 60% em média em seus salários, comparando os mesmos índices dos valores pagos aos trabalhadores paraguaios. “Toda essa defasagem vem acontecendo há anos e sempre que buscamos o diálogo a direção da empresa se retira das negociações. Mas chegamos a um ponto onde vemos companheiros se aposentando ganhando muito menos do que deveriam. São anos dedicados a uma empresa que na hora mais importante dá as costas aos trabalhadores”, desabafou Carlos Minoru Koseki.
“Além da equiparação salarial os trabalhadores apresentaram para a diretoria da Itaipu um rol de reivindicações que inclui sete pontos essenciais”, disse o diretor do Sindenel, Luiz Eduardo Reway Nunes. “Infelizmente a empresa vem se mantendo distante do diálogo com os trabalhadores. Muitas vezes promovendo o assédio moral no ambiente de trabalho”, denuncia Reway. O diretor do Sindenel adiantou ainda que para mostrar sua boa vontade em administrar essa crise, os diretores da binacional têm de reabrir os canais de diálogo com o sindicato.
Abaixo, os sete principais pontos de negociação apresentados pelo Sindenel à Itaipu Binacional
A ITAIPU BINACIONAL, QUE É BRASILEIRA E PARAGUAIA, QUER IMPLANTAR NOVAS TABELAS SALARIAIS À FORÇA, COM ENORME DIFERENÇA DE VALOR ENTRE AS TABELAS EM REAIS E GUARANIS;
ENCERROU AS NEGOCIAÇÕES E NÃO QUER REABRIR A DISCUSSÃO COM OS SINDICATOS;
DIMINUIU OS VALORES DA TABELA BRASILEIRA E AUMENTOU A TABELA PARAGUAIA (TOPO DAS TABELAS, EM REAIS E GUARANIS);
DIMINUIU AS CARREIRAS DOS EMPREGADOS;
EMPREGADOS BRASILEIROS SEM REAVALIAÇÃO DAS CARREIRAS HÁ ANOS;
ESTUDOS DO DIEESE APONTAM QUE AJUSTES NA TABELA SALARIAL PROPOSTA POR ITAIPU PRECISAM SER FEITOS POIS IRÃO PREJUDICAR OS TRABALHADORES BRASILEIROS, DE FORMA PERENE.
FIM DA PERSEGUIÇÃO SINDICAL E LIBERDADE NAS ASSEMBLÉIAS DOS TRABALHADORES
UGT - União Geral dos Trabalhadores