28/08/2015
1 - A CSA é fruto da fusão de diferentes concepções políticas e sindicais, representando uma grande conquista dos trabalhadores e trabalhadoras das Américas no pós-Guerra Fria. Depois de várias décadas com países latino-americanos submetidos a ditaduras militares sangrentas, fomos retomando e reconquistando a democracia, criando novas entidades sindicais e ampliando os direitos e conquistas da classe trabalhadora. Embora ainda existam práticas de violência, com assassinatos, torturas e desaparecimentos de sindicalistas e trabalhadores em vários países, estamos avançando no diálogo, fortalecendo a unidade na diversidade para garantir e ampliar direitos.
2 - Com o passar dos anos, a CSA passou a incorporar em suas instâncias o conjunto das centrais sindicais das Américas, o que tem sido essencial para a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe.
3 - Este processo de convivência entre as centrais filiadas à CSA tem sido rico, de muita tolerância e aprendizagem. A unidade alcançada ao longo destes anos vem sendo construída com o equilíbrio resultante de decisões democráticas, após amplo debate junto às bases.
4 – A América Latina e o mundo vêm passando por uma grave crise econômica a partir de 2008, com a quebra dos bancos dos Estados Unidos, crise esta que põe em risco o avanço democrático e o processo de retomada do desenvolvimento e fortalecimento da soberania dos nossos países e povos. As guerras se espalham pelo Oriente Médio e África, as crises migratórias crescem e o desemprego aumenta em todos os continentes. O mundo exala incerteza e insegurança, tornando necessárias respostas firmes e coletivas.
5 – A crise econômica vem possibilitando a que setores das elites conservadoras e neoliberais – derrotadas pela vontade popular - tentem voltar ao poder utilizando-se de todas as formas. Estas tentativas, incluindo o golpismo, têm contado com amplo apoio do grande capital transnacional, da imprensa de cada país e das agências internacionais, constituindo-se um movimento revanchista e retrógrado.
6 – Reafirmamos a importância da autonomia sindical no relacionamento com governos, empresas e partidos. Devemos exigir sempre respeito às decisões soberanas tomadas por nossas organizações frente a qualquer governo.
7 – Considerando os itens abordados acima, nós da CUT Brasil, fomos surpreendidos pela publicação, no site da nossa central - sem a devida consulta à direção nem ao entrevistado - de uma matéria com Rafael Freire, dirigente da CSA. No momento em que tomamos conhecimento do teor da entrevista, providenciamos sua imediata retirada.
8– A matéria, por seu conteúdo e forma, foi publicada sem a devida revisão e autorização do entrevistado. Lamentamos por este ocorrido. A bem da verdade, ela versava sobre o documento divulgado pelos participantes de um Encontro em Cancun, no México, intitulado “Sindicalistas de 13 países proponen vuelco en la conducción de la Confederación Sindical de las Américas”.
9 – Quando decidimos retirar a entrevista do site, sabíamos que ela não refletia a trajetória política-sindical do companheiro Rafael Freire, que tem uma história bonita no interior da nossa Central e no movimento sindical das Américas, o que faz ter nosso respeito e admiração. Mesmo reconhecendo os movimentos golpistas nos países da América Latina, não caberia à CUT, nem aos seus dirigentes, muito menos a uma pessoa qualificada como Rafael, apontar esta ou aquela central como integrante de tais movimentos. Se tivesse lido o rascunho da entrevista, ele jamais teria concordado com sua publicação.
10 – Posteriormente, fomos novamente surpreendidos, desta vez pela divulgação do texto “Las graves acusaciones y mentiras del señor Rafael Freire...”, a nosso ver extremamente agressivo e inoportuno, e que não contribui para a unidade da CSA.
11 – Ao mesmo tempo em que a CUT-Brasil considera que os debates devem ser realizados nas instâncias da CSA, sempre pautados pelo respeito e tolerância.
12 – Devemos priorizar a luta pela implementação da Plataforma de Desenvolvimento das Américas (Plada), a defesa dos nossos direitos e, mesmo reconhecendo as divergências existentes, não podemos fazer com que essas se sobreponham e fragilizem nossa atuação comum em prol da classe trabalhadora.
13 - O mundo clama por paz, emprego e qualidade de vida para todos. O movimento sindical internacional tem uma grande responsabilidade neste início do século XXI. As Américas precisam continuar na vanguarda da democracia, da inclusão social e da melhoria da distribuição de renda e das políticas públicas. Este progresso não pode parar.
São Paulo, 27 de agosto de 2015.
Saudações fraternas,
Vagner Freitas
Presidente da CUT Brasil
Antônio Lisboa
Secretário de Relações Internacionais
UGT - União Geral dos Trabalhadores