24/08/2015
Os funcionários da produção da fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo decretaram greve na manhã desta segunda-feira, 24, por tempo indeterminado. A paralisação foi aprovada por unanimidade em assembleia realizada na porta da fábrica.
Os 7 mil trabalhadores que estavam em licença remunerada deveriam retornar ao trabalho hoje, mas, na sexta-feira, a empresa começou a enviar telegramas para parte dos funcionários informando a demissão.
No comunicado, a empresa informou que o período de licença, iniciado no dia 7 para todo o pessoal da produção, será prorrogado para o grupo de demitidos, e que a efetivação da dispensa ocorrerá no dia 1.º de setembro.
"A luta pelo emprego vai ser longa. Quando a empresa toma uma decisão como essa, ela pensou e repensou nas consequências. A gente sabe que não vai ser uma mobilização de um dia, dois dias, três dias que vai resolver o problema. Vai ser preciso muita luta e disposição", afirmou Sergio Nobre, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT). "Nós não podemos, num dia como hoje, entrar para a fábrica como se não tivesse acontecido nada", disse.
A Mercedes não divulgou o número de demitidos, mas informou ter um excedente de 2 mil trabalhadores na fábrica em São Bernardo do Campo, o equivalente a 20% de seu quadro total, de 10 mil pessoas. A companhia disse que "tem adotado desde o início de 2014 várias medidas para tentar gerenciar o excesso de pessoas frente à drástica queda nas vendas de caminhões e ônibus no mercado brasileiro, como semanas curtas, férias e folgas coletivas, licenças remuneradas e várias oportunidades de desligamento voluntário."
O sindicato também não soube precisar o número de demitidos.
"A Mercedes toma essa decisão, mas ela não afeta só os 2 mil trabalhadores dela. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) já tem números que mostram que, a cada trabalhador demitido numa montadora, pelo menos mais quatro na cadeia de produção perdem o emprego", afirmou Nobre.
Na semana passada, a empresa e o sindicato tentaram um acordo para evitar as demissões, mas não houve consenso entre as partes. O sindicato aceitava discutir a adoção do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que prevê redução de jornada e salários em até 30%.
A empresa, que opera com 60% de sua capacidade, porém, insistiu na necessidade de adotar o PPE em conjunto com medidas de redução do reajuste salarial em 2016 e suspensão de promoções salariais.
Fonte: Estadão
UGT - União Geral dos Trabalhadores