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Sem profissão regulamentada, garçons comemoram seu dia


11/08/2015

Quando vamos a um restaurante, bar, hotel, recepção festiva, ali estão pessoas solícitas prontas para atender e exigimos atendimento vip, personalizado, feito por gente educada, especialmente quando chega o momento de sermos servidos. Seja homem, ou mulher, o garçom, cuja profissão não está regularizada até hoje a nível federal, é um dos profissionais mais requisitados quando se trata de prestação de serviços, especialmente na área de diversão pública.

 

Hoje é celebrado o Dia do Garçom, mas o profissional da área não tem muito a comemorar depois de ter recebido o que considera como um “presente de grego”, o veto da presidente Dilma Rousseff ao Projeto de Lei número 1.048, de 1991, que “Dispõe sobre a profissão de garçom”. Para completar, a categoria, de um modo geral, luta para que a taxa de serviços (gorjeta) seja incorporada ao salário com direito a Décimo Terceiro, Férias e, desta forma, com melhoramento da aposentadoria, no entanto, até o momento, não conseguiu lograr êxito nessa antiga reivindicação, segundo disse o sindicalista Raimundo Costa, 40 anos de profissão de garçom, com a qual criou, educou e formou seus filhos, tendo trabalhado em vários e importantes hotéis da capital paraense. Ele é o atual presidente da Federação dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade da Amazônia Legal (Fetrama), filiada à União Geral dos Trabalhadores, que congrega todas as categorias do setor de Comércio.

 

A garçonete e atual presidente do Sindicato de Trabalhadores em Clubes Recreativos do Estado do Pará (STCREPA), Socorro Castelo da Silva Pereira, 25 anos de profissão, recorda que já trabalhou em vários clubes importantes de Belém. Em sua opinião, a profissão é uma das mais importantes e cujo mercado não é fechado, tanto assim que muitos jovens têm feito cursos e já estão trabalhando em bares, restaurantes, enfim, na noite de Belém. Disse que, apesar das queixas e do fato de o governo federal e os políticos não reconhecerem oficialmente a profissão, os trabalhadores do setor têm se mobilizado e hoje a categoria tem sindicato com sede própria na Avenida Independência. “O garçom é o profissional que em geral não tem folga definida, fruto da não regulamentação de nossa profissão, mas, em geral, consideramos a segunda-feira como o nosso dia de folga. Nos Domingos e feriados, estamos nos clubes, nos bares, nos restaurantes, prestando serviço e ganhando a vida”, disse Castelo.

 

Afonso Oliveira Sarmento, 35 anos de profissão, já trabalhou em importantes clubes de Belém. Atualmente, tem a função de gerente do Pará Clube, onde também já exerceu a função de maitre. Ele diz que é uma profissão importante e digna como qualquer outra. Considera seu trabalho importante, gosta do que faz e diz que se trata de uma atividade rendosa, dependendo também da forma como o profissional conquista as pessoas a quem serve. “O garçom tem de se apresentar com educação, com a roupa bem limpa, passada e elegante, sapato bem engraxado. Não pode ser inconveniente, tirar brincadeira de mau gosto e, muito menos, beber quando em serviço, porque perde o respeito e a credibilidade. Quem faz direito o seu marketing pessoal tem sucesso garantido e é este o conselho que dou aos novos garçons neste dia que hoje comemoramos e que, para muitos, foi comemorado antecipadamente, ontem, quando é menor o nosso fluxo de trabalho”.

 

De acordo com Socorro Castelo, hoje existe uma média de 1.500 garçons sindicalizados, mas, contando com os que são filiados ao Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares do Pará, esse número deve chegar a quatro mil e, não legalizados, pode estar no universo de 12 mil em todo o Estado do Pará.

 

“A cada seis meses são formadas novas turmas com até 30 alunos, e a grande maioria sai em busca de trabalho. Muitos ficam prestando serviços nos clubes, em casas de recepções, trabalhando avulso, como uma espécie de freelancer. Com esse pessoal todo, fica difícil a gente fazer uma estimativa de quanta gente está exercendo a função no mercado, mas há muita gente trabalhando”, acrescenta Fábio Rodrigo Souza do Nascimento, garçom profissional que já chegou ao cargo de maitre de um importante clube da capital e é atual professor-instrutor do curso de garçons de entidades como o Sest-Senat. Rodrigo diz já ter formado cerca de 20 turmas com um universo de aproximadamente 500 novos garçons que estão trabalhando em Belém e zona metropolitana.

 

Francinete Nazaré Barbosa Soares fez o curso de garçonete e exerce a função como autônoma. “Quando a gente trabalha em um fim de semana cheio, isto é, de sexta a domingo, se fizermos isso nos quatro fins de semana, dá pra fazer a feira e pagar as contas”, diz, sorrindo. Ela conta que no mês de julho não há serviço para quem é autônomo, mas garante que nos demais meses do ano, especialmente nos de grandes eventos, não falta trabalho pra ninguém. “Aí melhora, porque a gente ganha por dia e ainda tem a gorjeta”. Segundo disse Francinete, ela já trabalhou em supermercado e não aguentou, pois ganhava pouco, ocupava todo o seu tempo e não avançava. Como garçonete, tem mais tempo para trabalhar, cuidar de sua casa, de sua família e uma vida financeira estável”.

 

Fonte: ASCOM/UGT-PA


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