22/06/2015
Para especialistas, nova regra de aposentadoria terá impacto negativo nas contas do INSS e pode levar a crise
Para se proteger de risco, trabalhadores devem ter um plano B, como a contratação de previdência privada
O fato de que o Brasil passará a ter cada vez menos trabalhadores em idade de contribuir em relação ao número de aposentados --e, portanto, menos dinheiro entrando no caixa da Previdência e mais dinheiro saindo por mais tempo, traz incerteza sobre o valor dos benefícios do INSS nos próximos anos.
Mesmo o teto do benefício, que hoje é de R$ 4.663,75, tende a diminuir: o aumento de gastos da Previdência deve levar a regras mais rígidas para retardar a concessão do benefício e reduzir o valor pago.
Com a medida provisória editada na quinta (18), quem se aposentar pela fórmula 85/95 --quando a soma da idade com o tempo de contribuição der 85 anos para mulheres ou 95 para homens (veja ao lado)-- recebe aposentadoria integral, até o teto.
A partir de 2017, o valor da soma (idade e tempo de contribuição) subirá progressivamente até 90/100, em 2022.
Os trabalhadores que atendem a esse critério escapam dos efeitos do fator previdenciário, dispositivo que reduz o valor recebido por quem se aposenta precocemente.
"Com mais gente se aposentando e por um valor maior, mesmo com a progressividade, o impacto será perverso nas contas da Previdência", diz o economista Paulo Tafner, especialista em previdência pública.
Cálculos preliminares indicam que os gastos do INSS dobrarão até 2050 --passam de 7,5% do PIB em 2015 para 15,1% em 2050.
"As medidas propostas pelo governo são tão generosas que lá na frente não vão resistir", diz Fabio Giambiagi, especialista em contas públicas (leia texto abaixo).
Segundo Tafner, é preciso tomar medidas para evitar que, em 20 ou 30 anos, os valores dos benefícios sejam cortados: "As próximas gerações vão pagar a conta".
Para o consultor Newton Conde, o trabalhador deve buscar alternativas para complementar a renda no futuro.
"Quem está entrando no mercado de trabalho deve pensar em um plano de previdência. E quem já está nele, e tem condições, deve estudar aumentar o valor das contribuições", disse.
Fonte: Folha de S. Paulo
UGT - União Geral dos Trabalhadores