06/08/2009
Itália ratifica convênio 189
Comunidade Negra denuncia abuso de poder e racismo contra dois PMs
Soldados, segundo denúncia, abusam de sua autoridade e praticam racismo contra um trabalhador negro
Em Termo de Declarações prestado junto ao 37º Batalhão da Polícia Militar, Davi Braz denúncia dois PMs de abuso de autoridade e prática de racismo contra sua pessoa.
Segundo o documento, Davi, um técnico em eletro-eletrônica “NEGRO”, no dia 1º de Agosto, estava nas proximidades da Farmácia da Unimed, quando foi abordado por dois policiais militares e que, sem nenhuma explicação, um deles desferiu-lhe um tapa no rosto e ordenando que colocasse as mãos na cabeça, chamando-o de vagabundo. Esta sequência de atitudes arbitrárias provocou a queda de seu óculos que acabou se quebrando.
Encostado na parede foi revistado pelo policial militar que ao encontrar o seu celular jogou-o para dentro da viatura. Os três funcionários de Davi, que o acompanhavam, também sofreram o mesmo constrangimento da revista.
Logo a seguir a esposa de Davi, chegou ao local e questionou os policiais sobre os motivos daquela abordagem. Ao perceber que a esposa era funcionária da farmácia da Unimed, o policial, segundo o relato do Termo de Declarações, perguntou a ela se estavam “roubando” muito a farmácia. A esposa somente se limitou a dizer que não havia motivo para aquele tipo de abordagem tão violenta, quando os policiais ameaçaram com a possibilidade de dar um tiro em Davi, pois segundo os policiais, ele estava “ciscando”.
Após isto o soldado, com certa violência colocou Davi na viatura e se encaminhou para a delegacia, seguido pela esposa e pelos funcionários de Davi no carro do detido.
Ao chegar na Rua 12, em frente à Escola Paulo Koelle, os soldados pararam a viatura, um deles se dirigiu para o carro onde estavam a esposa e os três funcionários, todos brancos, dizendo que os “brancos” estavam liberados e voltando-se para Davi, disse: “E você preto sujo, vai apanhar”, quando então lhe desferiu um forte soco na altura do estômago.
Ao chegarem à delegacia, o detido (Davi) foi deixado dentro da viatura, trancado, por algum tempo e depois levado à recepção onde aguardou sentado.
Os soldados PMs então conversaram com a escrivã de polícia e logo em seguida disseram que ele estava liberado.
Ao dizer que iria registrar um Boletim de Ocorrência contra maus tratos e abuso, foi informado pela escrivã que a mesma não registraria o boletim naquele momento, que ele voltasse na segunda-feira após perícia feita no IML.
Da delegacia, Davi e seus parentes que haviam chegado ao local se dirigiram ao hospital Unimed, onde Davi foi medicado com sedativo devido às dores que sentia.
Naquele mesmo dia, por volta de 23 horas, Davi compareceu à Delegacia de Polícia e registrou Boletim de Ocorrência sobre o caso.
O trabalhador aponta como testemunhas do fato a sua esposa, seus três funcionários, o vigia da Unimed e um comerciante que estava no local e presenciou os fatos apontados no Termo de Declarações.
Polícia Militar
O capitão Luis Alberto Irikura que assina o Termo de Declarações, juntamente com Davi, Cláudio dos Santos Silva (Comissão de Direitos Humanos da OAB) e Divanilde Aparecida de Paula (Conselho da Comunidade Negra de Rio Claro), disse que foi instaurado Inquérito Policial Militar para a apuração dos fatos, fazendo questão de dizer que este é um fato isolado e não é norma de uma corporação como a Polícia Militar de São Paulo. “Dentro de suas fileiras a corporação tem, em todas as patentes, muitas pessoas afro descendentes e este não é o modo de ação da Polícia Militar”, disse o Capitão Irikura.
O Capitão confirmou que os dois soldados foram temporariamente afastados de seus serviços operacionais fora da base.
Comunidade Negra
Durante a sessão da Câmara, na noite de terça-feira, a Comunidade de Negra de Rio Claro esteve presente, mostrando todo o seu descontentamento com os fatos, fazendo com que os vereadores elaborassem uma Moção de Repudio, votada na mesma noite, contra estes dois policiais, que, segundo eles, não representa a grandeza da gloriosa Polícia Militar.
UGT - União Geral dos Trabalhadores