17/06/2015
Em mais uma atividade com auditório lotado no Palácio das Convenções do Anhembi, o 3º Congresso Nacional da UGT recebeu na tarde desta quarta-feira (17), a ex-senadora Marina Silva como palestrante convidada.
Marina participou do painel “Desenvolvimento Sustentável com Justiça Social” e indicou que, entre todas as crises pelas quais atravessam o País e o mundo, a pior delas é “a crise de valores”.
“As pessoas perderam a lógica de cuidados consigo mesmas, com os outros e com o Meio Ambiente”, disse Marina. “Estamos vivendo uma grande crise econômica, social, política, ambiental e também de valores”, afirmou.
Ainda sobre crise de valores, Marina atacou o “sistema ético” que se convencionou chamar de ética de circunstância. “Não fazem (pessoas ) o certo, o legítimo, fazem aquilo que é o melhor para se darem bem”, constatou.
“Fazem (as pessoas) discurso ético, mas relativizam tudo em benefício próprio. Este tipo de atitude que prejudica o Brasil, o mundo”.
Sobre corrupção, Marina afirmou que não se trata de um mal de um governo ou outro. “Não é um problema da Dilma, do Lula, do Fernando Henrique Cardoso, é um problema nosso”, disse. Ela deu como exemplo o caso dos trabalhadores que foram à luta pelos seus direitos, porque os encararam como um problema deles. "É necessário agir da mesma maneira com relação à corrupção"
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Sobre a representação política, Marina afirmou para as cerca de 3 mil pessoas da plateia que existe uma crise de representatividade não só brasileira, mas mundial. “Quando a Revolução Francesa consagrou esse modelo atual de representatividade (três poderes) havia 1 bilhão de pessoas no mundo. Hoje, somos 7 bilhões”.
Essa sensação de não ser representado, de acordo a ex-candidata à Presidência, atinge com maior intensidade os jovens.
Marina defendeu novamente a transformação do País a partir de uma sociedade sustentável economicamente e socialmente com a mudança do atual modelo predatório para um modelo sustentável.
“Prosperidade não é sinônimo de acúmulo de riquezas e sim de bem-estar”, afirmou entre aplausos dos congressistas da UGT.
POBRES
Além de Marina Silva, o painel “Desenvolvimento Sustentável com Justiça Social” contou com a participação do economista e ambientalista Sérgio Besserman Vianna, ex-presidente do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Besserman atacou o modelo atual de acúmulo de capitais e de hábitos consumista durante a sua exposição. Ele indicou que nos deparamos com um grande desafio na nossa história para os próximos 20 anos.
“Ou enfrentamos a crise ecológica global, por meio de uma revolução nas próximas duas décadas ou teremos um genocídio. E os mais pobres é que vão sofrer mais”, analisou o ex-presidente do IBGE. Ele continuou: se não fizermos nada e a temperatura pode subir não 2° C e sim 5 ou 6° em duas décadas.
“Não será o fim da civilização, mas cidades inteiras vão ter que gastar bilhões para serem mais resilientes, resistentes, às mudanças climáticas, como também alertou o Banco Mundial há menos de seis meses sobre o tema”, ressaltou.
UGT - União Geral dos Trabalhadores