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Debates sobre “As reformas que o Brasil Precisa “ no segundo dia do Congresso


17/06/2015

O segundo dia do 3ª Congresso Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT) foi marcado por contrapontos de ideias durante as palestras do painel “As Reformas que o Brasil Precisa”.  Mais uma vez, o grande número de congressistas no Palácio das Convenções do Anhembi, onde é realizado o evento, fez a diferença

 

Coube ao gaúcho Pedro Simon, ex-governador do Rio Grande do Sul e senador pelo Estado por quatro mandatos e ex-ministro, abrir o ciclo de palestras. Na sequência, falaram os outros dois convidados, o sociólogo Demétrio Magnoli, do Grupo de Análises de Conjuntura Internacional e o jornalista Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. 

Aos 85 anos de idade, Simon fez um resumo de tudo o que viu ao longo dos últimos 50 anos na política brasileira. Disse que Itamar Franco fez um governo de alta credibilidade, mas que foi debochado pela imprensa por ser um homem simples.

 

Sobre Fernando Henrique Cardoso, o ex-senador disse que a vaidade do ex-presidente falou mais alto e que ele fez “o diabo” para compra a sua reeleição. Já Lula, teve méritos com programas sociais que tiraram milhões da miséria. “Mas ele fechou os olhos para a corrupção”, criticou.

 

INDEPENDENTE

 

O ex-senador acredita ser a UGT o tipo de central sindical que deve protagonizar, com a população brasileira nas ruas, o processo de reformas que o Brasil precisa. “A UGT é independente. Diz sim quando se deve dizer sim e não quando, não”.

 

A postura atual de relativa independência do Congresso frente ao Executivo é positiva, mas as reformas devem sair não da cabeça dos parlamentares, do Senado e da Câmara, e, sim, do povo, receitou o ex-parlamentar.

 

Simon, como nos tempos de senador, criticou o excesso de Medidas Provisórias enviadas pela Presidência ao Congresso e indicou que o fim dessa prerrogativa do Executivo já seria uma grande reforma. “Elas são ditatoriais”, concluiu.

 

 MAGNOLI X TONINHO

 

Dentro de um clima democrático de avaliações e propostas de pontos de vista diferentes para as reformas no Brasil, a programação teve c continuidade com os outros dois convidados do dia na mesa “As Reformas que o Brasil Precisa”, presidida pelo vice-presidente da UGT, o ex-deputado federal Roberto Santiago.

 

O sociólogo Magnoli abriu sua palestra fazendo uma análise da situação atual do País e afirmou que a separação entre sindicato e o estado é essencial e que esse é justamente o diferencial da UGT. “Lendo os jornais, vemos diversas peças de um quebra-cabeça que mostra a crise em que vivemos”, afirmou o sociólogo.

 

Segundo ele, a aliança entre uma elite empresarial que privatizou o Estado brasileiro e outra elite, política, está na raiz da crise econômica que vivemos, na sua avaliação.

 

Entre os sinais dessa crise estão, de acordo com Magnoli, o fato de que 22 dos 26 estados brasileiros apresentarem sinais de que vão ultrapassar os 49% de teto para a folha salarial em seus orçamentos, além da projeção de que a Previdência vai ter um déficit de R$ 135 bilhões em 2030 caso a Fórmula 95 for mantida. “Temos uma crise previdenciária no horizonte”, sentenciou.

 

Para o palestrante, “desprivatizar” o Estado, com o fim da aliança entre o alto empresariado e políticos, e fazer com que as entidades civis exerçam o seu papel real e não estatal, como ele acredita que ocorre hoje. “Ela (sociedade civil) está corrompida pelo poder político. Tem que se desestatizada. Os movimentos devem voltar a ter independência e não serem braços do governo”, concluiu.

 

 CONSCIÊNCIA

 

Encerrando a programação da manhã do Congresso da UGT, o jornalista Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, também apontou um quadro de crise grave no País atualmente.

Para ele, existe uma crise na relação aos poderes da República e frustração em relação ao desempenho do governo frente ao que foi proposta na campanha presidencial.  Toninho, no entanto, a apenas um governo.

 

“Houve desvios de condutas”, ele ressalta, sobre os últimos anos, mas é preciso considerar, segundo ele, que avanços no controle social, como a Lei da Ficha Limpa, a Lei de Acesso à Informação, a responsabilização criminal de pessoas jurídicas, que atinge os corruptores, e a ação de órgãos independentes como o Tribunal de Contas da União e Ministério Público Federal.

 

Ele apontou erros da Presidente Dilma Rousseff, como a ausência de diálogo com o Congresso Nacional e o empresariado, que acabaram por transmitir uma imagem de autoritária a ela.

Toninho recordou os eventos de junho de 2013, que não deram resultado porque foram conduzidos pelas redes sociais na internet e não tinham lideranças institucionais, a exemplo do que ocorreu na Primavera Árabe.

 

As grandes reformas que o Brasil precisa, para o diretor do Diap, começam pela cultura, com inclusão social, para que sociedade perceba que há interesses econômicos em jogo, além, de uma reforma fiscal que inverta a lógica atual de taxação de salários e consumo e passe a taxar patrimônio e renda. 

Toninho é pessimista de que isso possa ocorrer com o atual Congresso, de viés conservador, dominado pela bancada BBB. “A bancada do Boi, da Bala e da Bíblia”, disse.

 

 

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